Sinal de identificação – vandalizado – da localidade “ABRANDA”

AUTOR: Luís Belo
DATA: 2022
TIPOLOGIA: Sinal de identificação de início de Localidade (de acordo com o Decreto Regulamentar n.º 22-A/98)
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2022.004
N.º DE CATÁLOGO: #058

Memória Descritiva

A placa foi criada com base num jogo entre palavras e seu significado, bem como na possibilidade de, por enganos e mal-entendidos, se criarem situações mais gravosas que o necessário (ainda que idealmente sem consequências de maior).

Originalmente ponderou-se que a localidade de Abranda pudesse ser recriada graficamente, com sua placa. A opção final, quanto a sinalização física, ocorreu pela padronização (evoluindo ou variando, mas mantendo o seu cariz e tonalidade, ao longo de décadas) que se torna quase apaziguadora, de atravessar uma nova “terra”, sempre se sabendo que há ou haverá uma placa, um sinal. Seja qual for a língua ou país.

A Falsidade Explicitada

De acordo com o Portal do Eleitor (https://www.portaldoeleitor.pt/paginas/reorganizacaoadministrativa.aspx), o movimento e a legislação de Reorganização Administrativa que levou à União de Freguesias em Portugal, iniciou-se em 2012 e concretizou-se em 2013. É concreto que a Assembleia da República aprovou a Lei n.º 56/2012, de 8 de novembro e Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro que introduzem uma reorganização administrativa do território das freguesias (RATF). A RATF conseguiu que ao nível local, a representatividade e capacidade das populações fosse, em alguns casos, quase completamente eliminada, a despeito do papel e do simbolismo associado à possibilidade de intervenção directa no âmbito territorial de proximidade, que as freguesias representam.

N1a – Início de localidade: “Os sinais de identificação de localidades […] destinam-se a identificar e delimitar o início e o fim das localidades, designadamente para, a partir do local em que estão colocados, começarem a vigorar as regras especialmente previstas para o trânsito dentro e fora das mesmas.” Decreto Regulamentar n.º 22-A/98. Dimensões disponíveis: Variável de acordo com o Quadro XII do Decreto Regulamentar n.º 22-A/98. Material Base: Alumínio / Ferro.

Os sinais de indicação de localidade existem e são regulamentados pelo Decreto regulamentar indicado. Vários sinais similares são vandalizados. Que se saiba, nenhum por questões linguísticas ou gramaticais, excepto talvez o de Ariz (concelho de Moimenta da Beira), sistematicamente alterado para Pariz, por razões alheias a qualquer vistante.

Abranda, bem como Reduze ou Atrava, são imaginárias localidades, que se referem mais ao modo como se pronunciam determinadas palavras no Interior Norte de Portugal que a qualquer outro elemento.

A Língua, qualquer língua, é dada a interpretações variáveis e, por vezes, pouco pacíficas. Os mal-entendidos gerados por uma mesma palavra, dependendo dos contextos de quem a ouve, lê ou analisa, são uma das características que separam e dividem comunidades… ainda que falantes e nativas dessa mesma língua. O português não escapa a isso.

A linha férrea em Portugal é uma intenção, na melhor das hipóteses. Existe e é utilizada, mas quer pela escala do país, quer pela impossibilidade de acesso directo ao continente europeu, sem ajuste da bitola ibérica, a sua importância sempre foi menor que o que poderia/deveria.

A década de 1980 trouxe, em Portugal, uma limitação e redução das estações e apeadeiros existentes, bem como um desinvestimento na manutenção e renovação de linhas e material circulante. Contudo, linhas férreas sem guarda e sem sinalização, espera-se que haja poucas.

Sobre Luís Belo

(Viseu, 1987) é designer gráfico, fotógrafo, ilustrador e artista. Formou-se em Artes Plásticas e Multimédia pela Escola Superior de Educação de Viseu. Como fotógrafo, viu o seu trabalho ser reconhecido ao vencer prémios atribuídos pela Canon, Fnac, Fujifilm, P3, Gerador e outros. Com a criação do projeto editorial “Medíocre”, publica dois ensaios fotográficos: “Emergir” (2012) e “Cidade Nenhuma” (2014). Em 2020 é coordenador editorial e fotógrafo em duas publicações “Neo-Topografia Gráfica e Descritiva de Monumentos e Memoriais Viseenses” (com Rui Macário); e “Um Olhar de Fora Dentro – Instameet Viseu”. No entanto, a atividade deste autor expande-se para lá da fotografia. Enquanto ilustrador tem 6 obras publicadas sob várias chancelas, incluindo a Editorial Presença. Organizou mais de 160 sessões de curtas-metragens em Viseu.
www.luisbelo.com

Esta peça foi criada para o Museu do Falso com o Apoio

Peça Anterior
Peça Seguinte
Privacy Settings
We use cookies to enhance your experience while using our website. If you are using our Services via a browser you can restrict, block or remove cookies through your web browser settings. We also use content and scripts from third parties that may use tracking technologies. You can selectively provide your consent below to allow such third party embeds. For complete information about the cookies we use, data we collect and how we process them, please check our Privacy Policy
Youtube
Consent to display content from - Youtube
Vimeo
Consent to display content from - Vimeo
Google Maps
Consent to display content from - Google