Hamilton Francisco ou, simplesmente Babu, nasceu em Angola, em Malanje, em 25 de Abril de 1974. Desde muito cedo teve a paixão pela pintura. Estudou desenho industrial no Centro de Formação e Tecnologia Manauto em Luanda. Já em Portugal, aprofundou o seu conhecimento na Arte. Trabalha com diversas formas visuais. Como artista visual depois de participar no Projecto Museus no Centro, em Coimbra. Criou e desenvolve o projecto de investigação artística “Memória e Identidade”, onde reflecte, e materializa grandes questões da história de África na sua relação com o mundo, e a relação entre, colono/colonizado. Tem participado em várias exposições individuais e colectivas, bem como residência artísticas em vários países. As suas obras estão presentes em coleções públicas e privadas, em Angola e no estrangeiro como, Fundação Millenium Atlântico, CLC Arquitectos, Presidente Meridien Luanda, coleção Jean Clode de Almeida.

Nas palavras do próprio:

“Memória e Identidade é uma trabalho em construção permanente, cria uma necessidade de busca e ao mesmo tempo uma reflexão sobre aquilo que somos, o que nos conduziu até aqui, questiona e enaltece toda uma história por contar, remete-nos para um passado ancestral e projecta-nos para uma África contemporânea, uma necessidade de afirmação de Identidade.
O trabalho artístico é agora uma janela que se abre para o mundo onde se projetam os sonhos, os medos, as histórias, as vivências, o imaginário, as crenças. Cabe ao artista reflectir e intervir, materializar todos esses pensamentos. Pode ser um trabalho documental, ou apenas um ponto de vista aleatório, depende de quem olha para ele, podemos friccionar ou apenas questionar, mas todo o trabalho tem que ter um toque de poesia para que chegue à maioria.
No meu trabalho MEMÓRIA E IDENTIDADE existe como que uma desconstrução do imaginário atual para tentar chegar àquilo que nos trouxe aqui, remete-nos para uma reflexão sobre a influência da cultura Africana no mundo, como o observamos e como nos observa. Somos nós artistas que temos que criar esses fios condutores de reflexão para enaltecer África no mundo. Um mergulho numa riqueza cultural silenciada, mas que agora se ergue para traçar caminhos alternativos nos trilhos da globalização. Uma nova forma de desbravar a dicotomia entre passado e presente, entre tribal e contemporâneo, entre o real e o imaginário.
Hoje vivemos uma cultura descartável, em que apostamos numa visão retórica do imediato, mas sem perceber o que nos trouxe até aqui. Para entendermos o que somos hoje temos que recuar décadas, uma situação ‘FRÁGIL’ mas que tem que ser trabalhada, e a forma mais fácil e rápida de entender é através da Arte. No meu trabalho eu traço estas linhas ‘do Tribal ao contemporâneo’. E por isso a minha aposta neste grande projecto em permanente construção. A necessidade de o conduzir para além da memória, materializá-lo e sustentá-lo em pilares que nos diferenciam e nos aproximam.

Coimbra, Agosto de 2014
Babu
(Hamilton Francisco) “