Pedra de Caim

AUTOR: Guilherme Gomes
DATA: 2021
TIPOLOGIA: Documento
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2021.015
N.º DE CATÁLOGO: #042

Memória Descritiva

Desde o princípio que me interessava a ideia de um enigma que atravessa os séculos. Um acidente fez-me tropeçar na escrita do Tartesso. Imediatamente me pareceu terreno fértil para explorar. Interessou-me a ideia de equívoco, e a possibilidade de uma psicologia fora do lugar. Também me move a ideia de relação com a escrita, e a intenção da escrita. De maneira que, criar esta invenção foi um pretexto para algumas reflexões: a validade de uma declaração escrita na pedra, a experiência de escavar na pedra os caracteres de uma palavra. Tudo isto, quando experimentado na primeira pessoa, pode ensinar um pouco sobre como se escreve e como se lê. Escrever na pedra, expressão que muitas vezes usei para falar de coisas aparentemente eternas, enquanto exercício não é tarefa fácil: mediremos todos os esforços para deixar qualquer coisa escrita. Pois, então, o que vale a pena escrever?

A Falsidade Explicitada

De facto, existe o Museu da Escrita do Sudoeste, em Almodôvar; e as informações sobre a escrita “tartéssica” são realmente as que encontramos no museu. De facto, existiram os Tartessos, e, de facto, não habitaram esta zona da península. Mas tudo o resto, não é mais que coisa enganadora.

Um apontamento interessante acrescentar será que, por completa falta de talento e experiência na inscrição em pedras, a tarefa de gravar, primeiro numa peça de granito, depois numa pedra apanhada no jardim de um museu, os caracteres cónicos foi das experiências mais frustrantes que este que vos escreve já experimentou. Depois de muito suor, e algumas feridas, era pouco o que ficava marcado na pedra. Comecei por experimentar com cinzel e martelo, até ceder ao berbequim, usando uma ponta com tratamento em diamante. Numa chamada telefónica com Rui Macário, não escondendo a sensação de derrota, sou “reconfortado” com a ideia de que aquilo que experimentei no período cinzel do meu trabalho pode aproximar-se de metodologias usadas no que podemos chamar de “arqueologia experimental”.

Esta peça foi criada para o Museu do Falso e teve como Parceiro Institucional

Sobre Luís Belo

(Viseu, 1987) é designer gráfico, fotógrafo, ilustrador e artista. Formou-se em Artes Plásticas e Multimédia pela Escola Superior de Educação de Viseu. Como fotógrafo, viu o seu trabalho ser reconhecido ao vencer prémios atribuídos pela Canon, Fnac, Fujifilm, P3, Gerador e outros. Com a criação do projeto editorial “Medíocre”, publica dois ensaios fotográficos: “Emergir” (2012) e “Cidade Nenhuma” (2014). Em 2020 é coordenador editorial e fotógrafo em duas publicações “Neo-Topografia Gráfica e Descritiva de Monumentos e Memoriais Viseenses” (com Rui Macário); e “Um Olhar de Fora Dentro – Instameet Viseu”. No entanto, a atividade deste autor expande-se para lá da fotografia. Enquanto ilustrador tem 6 obras publicadas sob várias chancelas, incluindo a Editorial Presença. Organizou mais de 160 sessões de curtas-metragens em Viseu.
www.luisbelo.com
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