Frontispício e Ilustrações de Myths from Inner Portugal – Viseu

AUTOR: Colectivo de Três
TIPOLOGIA: Ilustração
DATA: 2012
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2012.015

Memória Descritiva

A inspiração começou com a existência de mitos. Deles, cruzando-os com a realidade viseense, acabariam por surgir as várias ideias: os corcodilos nos túneis da Sé; o Flying Dutchman no Rio Pavia; e o Big Foot no Fontelo.

Ideias finalizadas havia que as ilustrar. O livro que aqui se tenta simular é de 1755, então procuraram-se ilustrações dessa época, mas também ilustrações medievais e outras. A intenção era encontrar nelas especificidades da época que pudessem ser transportadas, cuidadosamente, para este trabalho. Alguns desses pormenores são mais óbvios que outros: a ilustração é feita apenas a preto (neste caso com tinta-da-china e aparo), simulando as gravuras de ponta-seca, técnica usada na altura. As dimensões do livro ficam-se por um A6, tamanho de bolso, comum à altura. O traço esse é detalhado, mas é na desfiguração dos corcodilos, com uma cabeça quase humana, que se faz notar um outro cuidado. Afinal, quando desses animais exóticos havia apenas relatos, os seus retratos eram tudo menos fieis, ingénuos até. O mesmo acontece com o Big Foot, inspirado nos relatos das monstruosidades e aberrações que se relatava haver além-mar. Este aparece num Fontelo ainda a germinar, logo, com uma vegetação bem menos densa e cuja própria representação das folhas é comum das gravuras mais antigas.

Em relação ao frontispício, esse foi inspirado num dos livros da Empório: as letras com serifa, os tamanhos e as distâncias para as margens são uma cuidada réplica desde mesmo livro cujo o ornamento presente é de lá digitalizado.

Materialmente, as folhas que servem como suporte são finas e amarelas, mas para que a sua idade fosse mais convincente, cada uma delas foi vincada, rasgada, dobrada, maltratada e mergulhada em café. O resultado, tirando o cheiro, assemelha-se a vários anos de uso.

A Falsidade Explicitada

O Cinema S. Mateus foi durante duas décadas a única sala de cinema “mainstream” de Viseu. O edifício, localizado no arrabalde da zona “nobre” da cidade, apresentava um alçado lateral decorado por um conjunto de faixas de cor sobrepostas a que se alude nesta peça. Para o artista plástico Tiago Lopes, essa representação tornou-se emblemática, tendo sido reproduzida em várias das suas criações. Para mais sobre o cinema S. Mateus veja aqui.

A manifestação pública através da colocação de mantas, faixas, bandeiras e elementos afins, como “enxoval” de rua, é uma prática antiga e particularmente notória em actos de grande significado ou alcance (local, nacional e internacional), geralmente implicando, por parte do agente que individualmente “enfeitasse” varandas uma adesão expressa ao momento e seu significado; ou pelo contrário, um hábito institucionalizado que se impõe ou se sente como imposto.

Em Portugal, e sem abordar a questão Histórica concreta do uso e fundamento do mesmo “enxoval”, podemos contemporâneamente recorrer ao exemplo consagrado pela Selecção Nacional de Futebol quando em 2004 (Euro 2004 que ocorreu no nosso país) o então treinador apelou aos portugueses que colocassem bandeiras nacionais em todas as janelas e varandas, como modo de “incentivar” os jogadores (num aparte, número considerável dessas bandeiras foram produzidas na China, e para lá da falta de qualidade do material, houve então várias notícias relativas à substituição dos Castelos da bandeira nacional, por pagodes – o que em séculos passados havia já ocorrido com os chamados “aranhões” na faiança).

Outra das referências do Falso desta peça, propõe a mítica procura pelo pote de ouro que se encontra, segundo a mitologia celta, no fim do arco-íris.

Sobre Teresa Cordeiro

Nasceu em Lisboa, há quase 50 anos e vive em Viseu.
Trabalha na Escola Secundária de Emídio Navarro.
Está a concluir a tese de doutoramento Inquisição e Cristãos-Novos na cidade de Viseu: repressão social, atraso económico e atavismos culturais (séculos XVI-XVII), no doutoramento Fundamentos de La Investigación Histórica, Universidade de Salamanca – Departamento de História Medieval, Moderna e Contemporânea, sob a orientação de D. José Carlos Rueda Fernández;
Habilitações Académicas
Diploma de Estudios Avanzados – Estudios de Doctorado (grau de Suficiencia Investigadora), pela Universidade de Salamanca- Departamento de História Moderna, Título Próprio da Universidade de Salamanca (art. 34.2 de L. O. U.), obtido em 2007;
Mestrado em História Ibero-Americana, pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique, Porto, sob a orientação do Professor Humberto Carlos Baquero Moreno, concluído em 2004;Pós Graduação em Museologia Social, pela Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões, sob a orientação do Professor Mário Moutinho, concluída em 1991;
Licenciatura em História, pela Faculdade de Letras de Lisboa- Universidade Clássica, concluída em 1986.
Traduções e Trabalhos Publicados
Cristãos-Novos de Viseu, a Inquisição e os Trânsitos Peninsulares de Seiscentos. Revista de Estudos Ibéricos Iberografias. Guarda. Centro de Estudos Ibéricos, n.º 7, Ano VII, Nov. 2011, p. 163-167.
Adonai nos Cárceres da Inquisição. Os Cristãos-Novos de Viseu Quinhentista. Viseu: Arqueohoje/Antropodomus, 2010.
Comunidades Cristãs- Novas em Contexto de Fronteira e o Reconhecimento da sua Diáspora como Factor Notável nos Trânsitos Culturais Peninsulares. Territórios e Culturas Ibéricas II. Guarda. Centro de Estudos Ibéricos. Colecção Iberografias, n.º 10, 2007, pp. 161-169.
Cristãos-Novos, a Raia e o êxodo para Castela – A Entrada da Inquisição em Viseu (1637). Guarda: Centro de Estudos Ibéricos, dissertação no âmbito do projecto Culturas Ibéricas, Sociedades de Fronteira: Territórios, Sociedades e Culturas em Tempos de Mudança, 2007.
Heresia e Inquisição na Cidade de Viseu (1595-1605). Revista Beira Alta. Assembleia Distrital. Viseu.
Vol. LXIV, Fascículos 1 e 2, ano 2005, 1º e 2º trimestres, p. 93-130.
XIII Encontro de Professores de História da Zona Centro (co-coord. José Sidónio M. Silva). Viseu: Deficop, 1995.
Instrumentos Europeus de Tortura e Pena Capital (da Idade Média ao Século XIX), Tradução port. e revisão científica do Catálogo da Exposição Internacional, apoiada pelas Nações Unidas e Amnistia Internacional, 1995.
Colaboração com diversos jornais, entre os quais A Capital, entre 1984 e 1986.
Poesia Inacabada, trabalho de ficção, edição conjunta, no âmbito do prémio literário da Escola Secundária do Feijó, colaboração da Associação Portuguesa de Escritores, representada no júri pelo poeta Fernando Grade, 1981.
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