Faixa Arco-Iris, de
Rua ou Arquibancada
AUTOR: Tiago Lopes
TIPOLOGIA: Bandeira
DATA: 2012
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2012.014
Memória Descritiva
A faixa de tecido é sem dúvida o elemento principal aqui. Inspirada no já extinto Cinema de S. Mateus, as cores foram adquiridas para se aproximar o mais possível aquelas pintadas no fachada lateral do edifício. Cozidas à máquina, a bandeira tem cerca de 100x80cm e mais do que simular uma das faixas da altura, assume-se antes como réplica.
Um outro detalhe da peça prende-se com uma fotografia que mostra o uso da faixa. Esta fotografia sim, querer-se fazer passar por uma imagem da época. Primeiro, para que se pudesse conseguir o efeito de faixa (e não de bandeira), foram tiradas 4 fotografias com a bandeira em vários sitíos. Digitalmente, as várias imagens foram compostas numa, criando uma linha contínua de uma ponta a outra. As cores foram desaturadas e foi acrescentado grão, simulando ao mesmo tempo o envelhecimento da imagem e aproximando o resultado ao que seria conseguido com um processo analógico.
A Falsidade Explicitada
O Cinema S. Mateus foi durante duas décadas a única sala de cinema “mainstream” de Viseu. O edifício, localizado no arrabalde da zona “nobre” da cidade, apresentava um alçado lateral decorado por um conjunto de faixas de cor sobrepostas a que se alude nesta peça. Para o artista plástico Tiago Lopes, essa representação tornou-se emblemática, tendo sido reproduzida em várias das suas criações. Para mais sobre o cinema S. Mateus veja aqui.
A manifestação pública através da colocação de mantas, faixas, bandeiras e elementos afins, como “enxoval” de rua, é uma prática antiga e particularmente notória em actos de grande significado ou alcance (local, nacional e internacional), geralmente implicando, por parte do agente que individualmente “enfeitasse” varandas uma adesão expressa ao momento e seu significado; ou pelo contrário, um hábito institucionalizado que se impõe ou se sente como imposto.
Em Portugal, e sem abordar a questão Histórica concreta do uso e fundamento do mesmo “enxoval”, podemos contemporâneamente recorrer ao exemplo consagrado pela Selecção Nacional de Futebol quando em 2004 (Euro 2004 que ocorreu no nosso país) o então treinador apelou aos portugueses que colocassem bandeiras nacionais em todas as janelas e varandas, como modo de “incentivar” os jogadores (num aparte, número considerável dessas bandeiras foram produzidas na China, e para lá da falta de qualidade do material, houve então várias notícias relativas à substituição dos Castelos da bandeira nacional, por pagodes – o que em séculos passados havia já ocorrido com os chamados “aranhões” na faiança).
Outra das referências do Falso desta peça, propõe a mítica procura pelo pote de ouro que se encontra, segundo a mitologia celta, no fim do arco-íris.