Maquete
Holo-Psicográfica:
Viseu do Futuro
AUTOR: J. Mergulhão
TIPOLOGIA: Ready-made
DATA: 2012
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2012.013
Memória Descritiva
Levar a cabo a construção de uma peça tão falsa quanto esta acabaria por não ser tão dificil assim. Afinal Viseu do Futuro não tem nada que ver, nem mesmo com óculos e assim, sem mecânismos para montar foi tudo uma questão de encontrar e adequar os elementos certos.
O objectivo pretendido era criar uma redoma, transmitindo a ideia de que protegia algo de delicado e importante. Como redomas e campânulas não são objectos fáceis de encontrar, uma solução bem mais simples foi usar um aquário: sem água ou peixe e virado ao contrário. A base essa foi feita propositadamente na Fábrica de Móveis Flávio Gomes Coelho, que gentilmente ofereceu o trabalho e material da dita. Por fim, os óculos não poderiam ser uns quaisquer. Era de capital importância que fossem de 3D. Não aquele a que os cinemas do séc. XXI nos habituaram, mas antes os usados para ver o velhinho Monstro da Lagoa Negra de 1954, o 3D anáglifo. Porventura mais conhecido em Portugal nos anos noventa, aquando a sua exibição na televisão pública que arrastou milhares de pessoas até às farmácias para adquirir os ditos óculos de lentes vermelhas e azuis. Estes não vêm da farmácia, mas sim de uma caixa de cereais que, cada vez mais esporadicamente, fazem campanhas com ilustrações deste género para os mais pequenos. Neste caso, os óculos foram pintados com acrílico para cobrir as ilustrações nas margens.
A Falsidade Explicitada
Todas as pessoas registadas nesta pequena fábula são parte da história de Viseu no século dezassete. Traços da sua existência foram documentados nos papéis do Arquivo Nacional Torre do Tombo – Fundo do Santo Ofício.
Quisemos recuperá-los, trazê-los para o nosso tempo, ainda que transfigurados pelas diabruras dos autores, imersos em certas manipulações. Porque talvez na diluição dos factos permaneça o essencial. Histórias de resistência e de viagem, que falam dessas experiências, nascidas de nascer diferente.
Sobre Lopo da Fonseca – Lopo da Fonseca foi um mercador e rendeiro cristão-novo de Viseu. Por acção da Inquisição de Coimbra, é preso em 1611. É acusado do crime de judaísmo e após um ano de cárcere, sai em auto-de-fé. É libertado para cumprir a penitência em liberdade1, tal como sua mulher, Helena Nunes.
A família é uma das muitas que em Viseu enfrentará a acção dos inquisidores. Anos antes, tinha sido relaxada em carne sua mãe, Ana da Fonseca. Foi considerada negativa. Porque não confessou nem denunciou. E o castigo do inquisidor era exemplar para quem não aceitasse a reconciliação através da denúncia de outros hereges.
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