Uniforme de Milícia Judaica (Retalho)

AUTOR: Teresa Cordeiro
TÉCNICA: Ready-made
DATA: 2012
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2012.012

Memória Descritiva

Para a representação de tão detalhada história era necessário um trapo crível o suficiente para passar por algo com vários séculos de existência. O trapo esse é uma simples amostra, recuperada dos Armazéns de Lanifícios em Mangualde, entretanto fora de negócio. O detalhe esse está no tratamento: para ter um aspecto usado e envelhecido, foi rasgado nos 4 cantos, sendo-lhe feito um rasgão perto do centro da amostra, de forma a reforçar o desgaste que se verificaria num fragmento de um uniforme de milícia do séc. XVII descoberto nos dias de hoje. O tecido foi depois tingido com café e queimado em algumas partes, para ter uma coloração amarelada, normalmente característica deste tipo de peças e foi ainda amarrotado, fazendo refêrencia a um provável descuido e desarrumo de tal peça achada.

A Falsidade Explicitada

Todas as pessoas registadas nesta pequena fábula são parte da história de Viseu no século dezassete. Traços da sua existência foram documentados nos papéis do Arquivo Nacional Torre do Tombo – Fundo do Santo Ofício.

Quisemos recuperá-los, trazê-los para o nosso tempo, ainda que transfigurados pelas diabruras dos autores, imersos em certas manipulações. Porque talvez na diluição dos factos permaneça o essencial. Histórias de resistência e de viagem, que falam dessas experiências, nascidas de nascer diferente.

Sobre Lopo da Fonseca – Lopo da Fonseca foi um mercador e rendeiro cristão-novo de Viseu. Por acção da Inquisição de Coimbra, é preso em 1611. É acusado do crime de judaísmo e após um ano de cárcere, sai em auto-de-fé. É libertado para cumprir a penitência em liberdade1, tal como sua mulher, Helena Nunes.

A família é uma das muitas que em Viseu enfrentará a acção dos inquisidores. Anos antes, tinha sido relaxada em carne sua mãe, Ana da Fonseca. Foi considerada negativa. Porque não confessou nem denunciou. E o castigo do inquisidor era exemplar para quem não aceitasse a reconciliação através da denúncia de outros hereges.

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Sobre Teresa Cordeiro

Nasceu em Lisboa, há quase 50 anos e vive em Viseu.
Trabalha na Escola Secundária de Emídio Navarro.
Está a concluir a tese de doutoramento Inquisição e Cristãos-Novos na cidade de Viseu: repressão social, atraso económico e atavismos culturais (séculos XVI-XVII), no doutoramento Fundamentos de La Investigación Histórica, Universidade de Salamanca – Departamento de História Medieval, Moderna e Contemporânea, sob a orientação de D. José Carlos Rueda Fernández;
Habilitações Académicas
Diploma de Estudios Avanzados – Estudios de Doctorado (grau de Suficiencia Investigadora), pela Universidade de Salamanca- Departamento de História Moderna, Título Próprio da Universidade de Salamanca (art. 34.2 de L. O. U.), obtido em 2007;
Mestrado em História Ibero-Americana, pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique, Porto, sob a orientação do Professor Humberto Carlos Baquero Moreno, concluído em 2004;Pós Graduação em Museologia Social, pela Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões, sob a orientação do Professor Mário Moutinho, concluída em 1991;
Licenciatura em História, pela Faculdade de Letras de Lisboa- Universidade Clássica, concluída em 1986.
Traduções e Trabalhos Publicados
Cristãos-Novos de Viseu, a Inquisição e os Trânsitos Peninsulares de Seiscentos. Revista de Estudos Ibéricos Iberografias. Guarda. Centro de Estudos Ibéricos, n.º 7, Ano VII, Nov. 2011, p. 163-167.
Adonai nos Cárceres da Inquisição. Os Cristãos-Novos de Viseu Quinhentista. Viseu: Arqueohoje/Antropodomus, 2010.
Comunidades Cristãs- Novas em Contexto de Fronteira e o Reconhecimento da sua Diáspora como Factor Notável nos Trânsitos Culturais Peninsulares. Territórios e Culturas Ibéricas II. Guarda. Centro de Estudos Ibéricos. Colecção Iberografias, n.º 10, 2007, pp. 161-169.
Cristãos-Novos, a Raia e o êxodo para Castela – A Entrada da Inquisição em Viseu (1637). Guarda: Centro de Estudos Ibéricos, dissertação no âmbito do projecto Culturas Ibéricas, Sociedades de Fronteira: Territórios, Sociedades e Culturas em Tempos de Mudança, 2007.
Heresia e Inquisição na Cidade de Viseu (1595-1605). Revista Beira Alta. Assembleia Distrital. Viseu.
Vol. LXIV, Fascículos 1 e 2, ano 2005, 1º e 2º trimestres, p. 93-130.
XIII Encontro de Professores de História da Zona Centro (co-coord. José Sidónio M. Silva). Viseu: Deficop, 1995.
Instrumentos Europeus de Tortura e Pena Capital (da Idade Média ao Século XIX), Tradução port. e revisão científica do Catálogo da Exposição Internacional, apoiada pelas Nações Unidas e Amnistia Internacional, 1995.
Colaboração com diversos jornais, entre os quais A Capital, entre 1984 e 1986.
Poesia Inacabada, trabalho de ficção, edição conjunta, no âmbito do prémio literário da Escola Secundária do Feijó, colaboração da Associação Portuguesa de Escritores, representada no júri pelo poeta Fernando Grade, 1981.
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