Hino à Cultura Viseense

AUTOR: DPX
TIPOLOGIA: Música
FERRAMENTA: Nintendo DS
SOFTWARE: KORG DS-10 Synthesizer
DATA: 2012
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2012.007

Memória Descritiva

Como qualquer hino, é um chamamento à participação sólida e perseverante, ainda que sujeita a eventuais febres delirantes.

Foi produzido numa consola de jogos portátil – Nintendo DS – com um software KORG DS-10 Synthesizer.

Este software emula relativamente bem um KORG, com 2 teclados, caixa de ritmos, efeitos, mesa de mistura, … com uma sonoridade próxima do início da Era pop digital na música.

Depois de criadas algumas frases harmónicas, melódicas e rítmicas estava criado o tapete para a improvisação gravada num take e masterizada no Garage Band do Macbook Pro. Por fim, gravada e disponível em cassete de fita magnética que remete ao período a que se aponta o Hino, os loucos anos 80.

A Falsidade Explicitada: Viseu, Anos 80

“Revolução ou explosão? As duas? Nada disso? O que era Viseu antes dos oitenta? Referências? Imediatas, Augusto Hilário. Génio de uma guitarra boémia. Depois dele, muita coisa. Pouco visível. Muito normativa. Conservadorismo, mutatis mutandis. Décadas do mesmo. Uma cidade em risco de implosão? Eram os tais tempos. Apenas nos setenta, as coisas começaram a mudar. Arriscavam-se as primeiras modernices. Tornaram-se notados uns tais Tubarões. A coisa começava a ferver. Fizeram barulho e levaram Viseu a outras paragens. A História e a memória lembram-se deles. Foram os avós da coisa. Depois contaram-se oitenta. E a mudança acentuou-se. Eram outros tempos, mais livres. Respirava-se uma atmosfera de descoberta permanente de ideias e conceitos a uma velocidade alucinante. Nessa altura era muito mais fácil, embora difícil, de se descobrirem outras ideias outer limits. As cabeças ferviam. A vontade de fazer coisas também. O pessoal juntava-se só porque sim. Era urgente mudar tudo. O mundo também. Acreditava-se. Aí, rompendo com tudo e todos, aparecem os Bastardos do Cardeal. Assim. Crus. Boémios na sombra do bisavô Augusto. A técnica era o menos importante. Tocar, sim. E muito. E fizeram-no de tal maneira que chegaram a banda de culto. Pavilhões cheios. E uma “Aranha”, cantada em uníssono, centenas de vezes, por quem lá estava. Não era por acaso. Era o primeiro tema de uma das primeiras compilações de música alternativa portuguesa. Divergências. Meia dúzia de anos de estrada. Cansaço. O fim da aventura. No fundo não acabaram. Apenas se dividiram noutros. A tal vontade de fazer era muito maior do que apenas um projecto. Surgem os incontornáveis Major Alvega, os Tv Toxina e os Eugénios S.A., mais tarde Popper W2, os Lucrécia Divina. A semente era a mesma. E tantos outros apareceram. Depois. Mais ou menos visíveis. Todos gravaram. Alguns com nomes importantes, ou seja lá o que isso for. Antes destes, e paralelamente aos Bastardos do Cardeal, havia o Centro de Pesquisa Ruído Branco. E, faça-se a respectiva vénia. Denominador comum a todos, ou quase, lá estava José Valor. Multi-instrumentista, produtor, efervescente criador muito para lá dos tempos que se viviam. Hoje já não vive. Infelizmente. E se? Também nos oitenta começaram a nascer as rádios piratas. Hoje, locais. Os programas de autor. O lado quente do peito às voltas com a paixão. Toda essa música era lá ouvida. E a bola de neve iniciou o seu movimento. Revolução ou explosão?”

Jorge Humberto

Sobre DPX

1979. Nasceu em Viseu, onde cresceu no meio de três irmãs, muitos amigos, poucos Legos mas muito tempo com eles, casas em árvores e carros de rolamentos.
Foi um adolescente fácil e tímido, com amigos mais velhos, música, bandas mais ou menos boas e um aproveitamento escolar mediano. Levou um raspanete construtivo do namorado da irmã mais velha (que agora é um arquitecto famoso) e quando chegou a hora, entrou no curso Design (industrial/gráfico) da Universidade de Aveiro com média de 17.
Nesse tempo académico teve professores marcantes, um coração partido, vários penteados, um projecto de improviso multidisciplinar em cada 6ªfeira / 13 e um Fiat 127 – “Laranja Mecânica”.
Ganhou um concurso nacional com um projecto de iluminação pública, feito nos últimos três dias do prazo e depois de rasgar o trabalho das semanas anteriores. Ganhou ainda dois prémios académicos, para Melhor Guião de uma curta e Melhor Maquete 3D do projecto para um metro (o transporte, não a medida).
Já no final do curso, 2003, conheceu o designer “in” de Viseu, com quem formou o DPX – Design, na garagem da vivenda onde viviam com um grupo de activistas culturais. Tinham tartarugas no quintal onde jantavam e também faziam todo o trabalho gráfico da cultura relevante da região: Teatro Viriato, Companhia Paulo Ribeiro, Cine Clube e Comum – Rede Cultural. Tinham Mercedes dos anos 70, onde levavam os cães à barragem e contrataram mais designers para darem resposta a campanhas autárquicas, jornais locais, identidades corporativas e públicas.
A solo, apresentou espectáculos de improvisação, filmes musicados, fez bandas sonoras, sonoplastia e cenografia para teatro.
Em 2008, para relaxar, iniciou-se no Reiki, passou duas semanas a escalar glaciares e vulcões na Islândia, trocou de namorada e de emprego e mudou-se para o centro da cidade. A partir daí orientou-se mais para o design empresarial e editorial, participou em movimentos de cidadãos, na organização e design do Cine Clube e no lançamento de um candidato presidencial.
Fez recentemente um curso em Londres onde percebeu que valeu a pena ouvir, calado, o raspanete do cunhado….
Está no momento a precisar de histórias novas para mais uns parágrafos.
www.dpx.com.pt
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