A Arma Perdida de João Brandão
AUTOR: Luís Belo
TIPOLOGIA: Carta e Linogravura
DATA: 2012
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2012.002
Memória Descritiva
A história de Brandão tem vindo a interessar-me aos poucos. O ladrão inspirou até cantos entre a população aquando a sua condenação ao degredo em África. Ao saber que o mesmo ter-se-á escondido várias vezes por um Hotel em Viseu, isso foi o suficiente para despoletar o resto da história: a Arma Perdida alegadamente encontrada por um tal de Paquete da Silva que não só escreveu uma carta de chantagem como fez também uma linogravura da mesma.
O processo de construção foi relativamente simples. A placa de linóleo foi propositamente mal gravada, simulando alguém tosco na técnica, já a impressão sem uma prensa adequada resulta num aparente desgaste, importante neste contexto. Quanto à carta essa foi escrita à máquina e o papel foi envelhecido com café, alguns vincos e dobras.
O resultado final surge com intuito de dar a conhecer a personagem a quem dela ainda não ouviu falar e associá-la, de um modo muito directo, a Viseu.
A Falsidade Explicitada
João Brandão existiu, isso é ponto assente. É também verdade que aos 12 anos cometeu o seu primeiro assassinato de uma forma terrivelmente fria. É verdade que fez a sua vida assaltando e assassinando e será também verdade que passou várias vezes em Viseu onde se terá escondido por diversas ocasiões. Todo o episódio da arma perdida é falso, a chantagem de Paquete da Silva não existiu, embora as armas de Brandão tenham sido bem reais, tal como os cânticos que se fizeram em seu nome aquando a condenação ao degredo em Angola: “Lá vai o João Brandão / A tocar o violão / Casaca da moda na mão / Atão Atão Atão / Tré tré olaré tré tré / Era a moda do meu pai / Oh pastor, lavrador, enganador / rinhinhó, rinhinhó, ó-ó-ó, ó-ó-ó”.