“Pedra utilizada para afastar a “Bácora Russa” &
“Pedra utilizada para afastar António de Oliveira Salazar”
AUTOR: NACO
TIPOLOGIA:
DATA: séc. XX
Contextualização
Esta pedra, este bocado de atirar a alguém foi de facto atirado a alguém e a algo.
Conta-se que na antiga estrada romana que ía de Oliveirinha a Oliveira do Conde, a estrada do Calvário, por vezes à meia-noite, junto a uma antiga mina de água, surgia a bácora russa.
A bácora russa, como o próprio nome indica seria uma porca de grandes dimensões, presume-se, uma vez que assustava a população e dotada de pêlo ruivo ou dourado. E surgiria à meia-noite acompanhada dos seus filhos que não eram bacorinhos, mas antes pintos. Esta visão seria deveras assustadora e por esse mesmo motivo, todos aqueles que tinham necessidade de atravessar aquele ponto da estrada quando a igreja matriz assinalava a meia-noite com as suas badaladas, íam acompanhados de pedras nos bolsos ou nas mãos.
Esta pedra tendo servido como elemento encorajador a uma travessia segura, acaba por surgir na história e na historiografia de Oliveirinha, uma localidade muito próxima de Carregal do Sal, por um outro motivo ainda mais extraordinário.
Durante o Estado novo havia a prática de sua excelência, o presidente do concelho, de quando em quando, anunciar que iria passar por uma determinada estrada. Anunciando então que iria passar por um local, eram encarregues os mais significativos da comunidade de arregimentar as populações, nomeadamente os pobres petizes estudantes para se chegarem à beira da estrada e abanarem umas bandeirinhas.
Em Carregal do Sal passou o presidente do concelho, António de Oliveira Salazar e ía no seu carro dizendo adeus à multidão.
Em Oliveirinha a escola não era pública, tendo sido criada e edificada com muito sacrifício, pela comunidade.
O presidente do concelho passa junto a esta escola, naquela estrada que tinha sido a antiga estrada romana, acenando e dizendo adeus aos habitantes, quando é arremessada esta mesma pedra em direcção a António de Oliveira Salazar, por pouco acertando no seu alvo. Páram a viatura e perseguem o meliante que havia atirado a pedra.
Na escola havia uma caixa de ar por baixo do edifício, rodeada por lajes de granito, por onde as crianças conseguiam entrar e esconder-se. Quem atirou a pedra ter-se-á escondido neste local, onde ninguém pensou em procurar.
Nunca se encontrou o perpetrador do arremesso, mas a pedra que já havia salvo da bácora e mais tarde do presidente, aqui está para contar a história.
Esta incorporação, no acervo do Museu do Falso, teve como Parceiro Institucional