Espeto utilizado para Assar Leitão à Moda de Fiais da Telha
AUTOR: Família de Felisberto “Leitão”
TIPOLOGIA:
DATA: séc. XX
Contextualização
O que agora (2021) se celebra como uma 7ª edição do Festival do Leitão é, na verdade, uma antiquíssima tradição que vê o seu papel e importância reconhecidos pela inclusão na lista do Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial e de seguida como Património da Humanidade, em reunião extraordinária do Órgão máximo da UNESCO, em plenário e a ocorrer em Portugal, assim que haja novo Governo (garantida, esta aprovação, por votos de insuspeitos membros da UNESCO como Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Indonésia e China, para lá de todos os países da União Europeia exceto a Espanha, por motivos que se prendem com uma preterida – pelos já mencionados – candidatura do Jamon Serrano).
Se para os portugueses tradicionalmente se fala de leitão na Bairrada, a verdade que se comprova é que o leitão da Bairrada provém de uma desunião familiar que levou a que o segredo da confeção do leitão dos Fiais, saísse pela calada e de comboio (no actualmente destruído apeadeiro dos Fiais: o único a ser destruído na re-conversão da Linha da Beira Alta), algures no século XX. De facto e para que se garanta ainda mais a história, contam os organizadores do Festival que a Mascote “Roncas”, é uma desomenagem ao Felismino (de nome) Torto (de alcunha), o salteador do segredo dos Fiais.
Sem segredos nem vergonhas, a população local, fez gravar e registar o “Memorial do Leitão gamado pelo Felismino Torto e vendido ao martelador de vinho da Bairrada que lhe ficou com o segredo”. Obra de cariz popular que o JL (Jornal de Letras, em crónica de Manuel Luís Goucha) afirma como a mais criteriosa afirmação comunitária do pós-pandemia, sem máscaras, em duplo CD ou em vinil para os colecionadores.
Nesta obra se transmite então que Felismino, terceiro filho de Felisberto, putativo octa-neto do criador da receita, por impedido de aceder a outras funções que não as da lavagem dos animais, decidiu por vingança oferecer os seus préstimos onde melhor os reconhecessem. Conhecedor de uma história provinda de Negrais – que por sua vez tinha origem em Almoçageme e nos sumptuosos banquetes de casamento – em que um local transportou para a sua terra uma receita e modo de assar o leitão no forno a lenha; assim decidiu Felismino e às arrecuas levar a sua receita para a Bairrada que era o limite do mundo que ele conhecia.
Lá chegado e pronto a aceitar pagamento e alojamento vitalício, bem como avental de cozinheiro de estalo, pregaram-lhe partida e sova – “estalo”, que significa “muito bom” era uma expressão do Sul e confundiram-se, nas cartas de conluio, os significados. Felismino, de estalo em estalo, lá ficou lavador de leitões pelo resto da vida, já que não podia regressar a casa tendo dado o ouro coirato (assim conhecido o Leitão Assado dos Fiais) ao bandido. [Se, ao menos, lhe tivessem oferecido uns feijões, ainda podia inventar qualquer coisa…]
Da Bairrada não se fala mais na obra supracitada, no entanto não integrou a obra uma informação de relevo porque, e estando de férias um dos mais antigos residentes dos Fiais – correspondente da Real Academia Sueca do Leitão – ele trouxe à baila a indicação manuscrita, na Chancelaria Real, de que o Infante D. Henrique, quando Duque de Viseu, aceitou o ducado mais pelo Leitão Assado dos Fiais que pelo Pavia, o que coloca a mais antiga referência ao apreciado produto gastronómico entre 1394-1460.
Por outro lado, há ainda quem afirme que a receite foi de facto, e ainda mais para lá do que haja memória, oferecida aos Fialenses por uma bela e insuspeita aparição noturna – que de quando em vez se fazia notar na antiga estrada romana que ligava o Calvário (Oliveirinha) a Oliveira do Conde. A oferta residiria na compaixão dos naturais da terra e nos préstimos que terão disponibilizado à mesma.
Esta incorporação, no acervo do Museu do Falso, teve como Parceiro Institucional