Vitrine com documentação Relativa à Construção da Salva Rainha

AUTOR: Carlos Rodrigues
TIPOLOGIA: Construção na paisagem
DIMENSÕES: Vitrine: 42x32x14cm.
Fotografia: 10x15cm. – Foto de uma escada usada na construção da Salva Rainha, por Carlos Rodrigues.
Mapa: 16x15cm. Mapa de Angola usado por Carlos Rodrigues, com anotações.
Caderno: 21×15,5x2cm. Diário de viagem com esboço das pedras.
DATA: 1975
N.º DE CATÁLOGO: #043
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2021.016
PROVENIÊNCIA: Germano Rodrigues (filho de Carlos Rodrigues)

Contextualização

No ano de 1971, Carlos Rodrigues chega a Angola, com 18 anos acabados de fazer. Tinha sido destacado para o exército português, a 7 mil quilómetros de casa. Partiu para o desconhecido.. Depois de 9 dias e 9 noites no paquete Vera Cruz, foi recebido por um país húmido, espaçoso, excessivo. Passa alguns meses na província de Malange, para fazer o treino que antecedia o primeiro serviço enquanto recruta. Num raro dia de folga, vai sozinho conhecer as pedras de Pungo Andongo – uns extensos corpos rochosos monolíticos com milhões e milhões de anos, que se elevam bem acima da savana que os rodeia, a tentar alcançar o céu. Sente-se estranho, como se tinha sentido desde que deixara Lisboa para trás, mas desta vez era uma estranheza boa. Sente-se em casa. Tem o ímpeto de subir onde conseguia chegar, de explorar, reter tudo o que vê. Descobre, pela primeira vez, que não se pertence às geografias, que os lugares são plásticos e mutáveis, que se pertence aos sentimentos que eles provocam. Estava esmagado por tudo o que os seus olhos viam. Em Pungo Andongo, encontra também uma pegada gravada na pedra, com dimensões sobrenaturais. Mais tarde, conhece todos os mitos e lendas, que dizem que esta pegada pertence à Rainha Ginga, mulher mágica e poderosa que se tornou um símbolo de um país e de uma cultura.

Carlos Rodrigues chega a Portugal 4 anos depois, com a indisputável certeza de que nunca mais regressará ao calor de Angola. Há, contudo, uma vontade que não o abandona, por mais que a tente sacudir: recriar aquelas pedras e a mística daquele lugar na sua aldeia de origem, Alhais de Cima. É uma homenagem, uma forma de unir estes dois pontos do globo que o tinham marcado tanto. Sabe que só consegue trazer até si o que tinha vivido em Pungo Andongo se construísse a sua versão daquele sítio, mesmo a uma escala muito menor. É mesmo isso que faz, pega no seu diário de viagem, nos esboços que tinha feito e põe mãos à obra.

O terreno foi, sem dúvida, a parte mais simples do processo. Tinha, por coincidência, herdado uma parcela grande de terra, a oeste de Alhais de Cima, que estava na sua família há gerações e gerações. Fica num planalto de onde se avistam as aldeias e os terrenos a norte, só tem de ser limpo. O verdadeiro desafio é movimentar as rochas para o local, juntá-las para dar forma ao seu projecto.
Sobre esta parte do projecto de Carlos há poucas informações, sempre foi uma parte da história que ocultou a tudo e a todos, até à família.

Este lugar quase sagrado pode ser visitado até hoje e o nome dado por Carlos Rodrigues ainda persiste – Salva Rainha.

Esta incorporação, no acervo do Museu do Falso, teve como Parceiro Institucional

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