“Enxada” (projecto experimental lúdico)
AUTOR: António Quadros (atribuído)
DIMENSÕES: Tabuleiro 45×65 cm, caixa fechada 37x23x5 cm / caixa aberta 46x37x2,5 cm, peças do tabuleiro com dimensões variáveis, maço de cartas 9,5×14,5 cm.
TIPOLOGIA: Jogo
DATA: n. d.
MATERIAIS: Madeira, papel, papel impresso, técnicas de pintura manuais mistas.
N.º DE CATÁLOGO: #040
N.º DE INVENTÁRIO: MF.2021.013
PROVENIÊNCIA: Raquel Balsa
Contextualização
Oculto por debaixo deste tabuleiro de diligências num sótão não muito distante da aldeia onde cresceu António Quadros foi encontrado este manuscrito.
O veneno da aprendizagem
Não aprendi que a água da garrafa é melhor que a água da fonte.
Aprendi que pela mão da morte de… caminhamos para o lado da vida.
Não aprendi que os Lusitanos são um povo mais forte que o português d’agora.
Aprendi que o mais saliente do mundo, das pessoas, é estar por dentro do que falamos, escrevemos.
Não aprendi que o rei construiu o muro… da cidade sem o operário.
Não aprendi que o general… ganhou a batalha sem o soldado.
Não aprendi que o banco… foi fundado sem o contributo do depositante.
Aprendi que o que falta é o que faz falta.
Não aprendi que a terra é de quem a tem e não a trabalha.
Não aprendi que produzir é a natureza e não pôr a terra a produzir com saúde duradoira.
Aprendi que também somos o que ficou por fazer.
Aprendi que um só, só um e mais um e mais um, desfalece; ligado a outro, ao mundo que há-de vir, é uma força.
Aprendi que o que foi desde a infância injustamente subtraído acompanha-nos toda a vida, mesmo sem o sabermos.
Aprendi que as pessoas, o mundo, o outro, está no falamos, escrevemos, sonhamos, para o bem ou para o mal.
Esta incorporação, no acervo do Museu do Falso, teve como Parceiro Institucional