Faixa Arco-Iris, de Rua ou Arquibancada
AUTORIA: Desconhecida
DATA: c. 1900
N.º DE CATÁLOGO: #014
PROPRIEDADE: Tiago Lopes
Contextualização
“Antes de Viseu ser Viseu”, segundo Bernardo Moto (1865), ocorreu um efeito atmosférico e visual similar a um grande, duradouro e intenso Arco-Íris, de muito impacto para a população da região afectada: a região de Viseu, num sentido alargado. Este evento, levou a que, tendo sido encontrado um “tesouro”, se haja configurado a lenda do pote de ouro no fim do arco-íris associando-se essa potencial benesse com um ser de “pequenas dimensões e trejeitos algo malévolos”. Na circunstância de frequentes trocas comerciais entre a região em causa e a Irlanda, em particular no que respeitava a semente de batata, assumiu-se que seria o “Leprechaun” ou Duende dessas paragens.
A agitação causada quer pelo fenómeno atmosférico e pelo tesouro encontrado, motivou a criação de celebrações ocasionais que Teixeira Wallenstein (1921) classificou de “próximas a uma seita”, com alargadas romarias sem destino específico ou, mais frequentemente e até muito próximo dos dias de Hoje, a colocação, transporte ou oferta de motivos, pendões, e/ou faixas rememorativas do evento e suas singulares repercussões.
Em pleno século XX, aquando da construção do Cinema S. Mateus, o proprietário, bisneto de um ex-Grão-Mordomo da Faixa do Arco-Íris, diz-se ter insistido para que a decoração do dito imóvel contivesse essa ligação gráfica.
A faixa que se apresenta é um exemplar das mais típicas “faixas de rua ou arquibancada” utilizadas aquando das celebrações públicas. O último quartel do século XX levou a alguma mudança de paradigmas e socialmente a prática e a convicção a ela associada tinha sempre um cunho negativo por parte da população em geral, o que ocasionou – pensa-se – o seu desaparecimento ou clandestinidade plena, incluindo dos artefactos anteriormente utilizados.