Uniforme de Milícia Judaica (Retalho)

AUTOR: Desconhecido
DATA: séc. XVII
N.º DE CATÁLOGO: #012
PROPRIEDADE: Teresa Cordeiro

Contextualização

Veste de Lopo da Fonseca, partisan judeu da comuna de Viseu (linho, 1.ª metade do século dezassete).

Nas florestas à volta da cidade escondem-se judeus, organizados em comuna e que resistem à perseguição do Santo Ofício. Além de sinagoga, dispõem de tribunal, botica e hospital.

Há mais de dois anos que sobrevivem nesse mundo de temores, cercados por gente que, guiados pela lei de Deus e dos homens, os tentam aprisionar.

São seus chefes Lopo da Fonseca e a irmã Luzia. Ele comanda os homens que se revezam pela segurança do grupo. Ela regula os bens e meios da comunidade.

De sua mãe recordam bem o momento em que a vieram buscar. Em sua casa, na rua Direita. Fora já há muito tempo quando Lopo e Luzia eram ainda crianças. E nunca mais a veriam. Sabiam que, após seis anos no gueto, a haviam condenado à morte, pelo fogo, numa ilhota do Mondego. Por causa da sua teimosia, porque não denunciara ninguém.

Num espaço aberto, junto a uma clareira, reza-se a Adonai, aprende-se a Lei de Moisés. Foi aí que se destinou o local da sinagoga.

Cumprem-se os jejuns judaicos, amortalham-se os mortos à maneira dos antigos.

No hospital, o velho Jorge Rodrigues é o médico de serviço. Curara durante anos os cónegos da Sé, em Viseu. Fora médico do Cabido mas agora também é um foragido. Pensara em voltar para Castela. Lembrava-se de sua avó, que daí viera há muito, também ela em fuga aos inquisidores de lá. Mas persistira e ficara. Porque já não tinha idade, porque ali fazia falta.

Outro seu colega médico é da família dos Reinoso, Miguel, amigo de António Homem, lente famoso da Universidade de Coimbra.

No tribunal assistem outros homens, cujo ofício é tratar das questões e dos litígios. Lopo de Castro é advogado e também António Dias Ribeiro.

Como é uso entre os judeus, os mais fortes protegem as viúvas e os órfãos que com eles têm parentesco.

Cada um sabe o que há para fazer e o seu lugar no grupo. Às crianças são poupados os detalhes, para sua protecção, porque ainda há o arco-íris que vão desenhando com uma pena e muitas cores.

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