Reportagem “Viseu Escola da Sagres Summit”
AUTORIA: Vergílio Tiago (Locução); James Beasley (Imagem)
CAPTAÇÃO: Super 8
DATA: 1940
Contextualização
“Ditosa Pátria que tais filhos tem.” Hoje, 16 de Setembro de 1940, como era de esperar de suas tradições de bairrismo e amor pátrio, a nobre província da Beira Alta soube tomar, perante as festivas comemorações do Duplo Centenário da Pátria, lugar de relevo, tendo aproveitado o ensejo – para assim as revestir de maior entusiasmo e brilho – da inauguração, na sua gloriosa e velha capital, do VII Congresso Beirão e de mais um ano da sua afamada Feira Franca.
Viseu, nobre e antiquíssimo solar que tantas vezes acolheu em seu seio e Velha Catedral, ao lado de S. Teotónio, seu conselheiro e amigo, o destemido e nobre Conde D. Henrique – o preparador enérgico e decidido da nossa independência, perante quem, na majestosa côrte de Afonso VI, o grande Cid se inclina com respeito; Viseu, que com suas defesas e altas serranias da Beira, foi o baluarte e o bêrço, como o vasto campo de acção de Viriato – o indómito e audaz guerrilheiro, a quem, primeiro que ninguém, cabe a honra de ter sabido concretizar as persistentes mas ainda vagas aspirações da idêa nacional, vencendo, à frente dos lusitanos, os mais hábeis generais do orgulhoso e vasto império romano; Viseu, que, no florido coração da sua Beira, teve num filho seu ilustre, o mais perfeito modelo de amor à Pátria, simbolizado na sua bandeira que defende com estreme heroísmo e sacrifício; Viseu, digo, não podia deixar de viver e sentir, nesta hora de renascimento moral e patriótico, a intima consolação do rememorar de antigas glórias da Pátria.
No entretanto e na continuidade do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal, enquanto se procedia em pleno Campo de Viriato às actividades Oficiais inseridas no programa das celebrações que incluía entre outras a inauguração pública da estátua do valeroso chefe Lusitano Viriato: o Monumento a Viriato; em outro lugar da cidade, nas antiquas e nobilissimas ruas do centro histórico, em uma porta desvelada por rumores, se entendia – segundo fontes internacionais – que os Aliados procuravam na superiormente designada Viseu Escola da Sagres Summit, um acordo que conseguisse mostrar ao Salvador da Pátria e ex-aluno desta cidade, o suposto melhor proveito de um entendimento anti-belicista e menos alinhado com os interesses do IIIº Reich.
Não tendo sido dada a esta agência noticiosa mais informação que a recebida por esta via, podemos contudo avançar que o processo que terá reunido na Senhora da Beira, os líderes dos restantes mais poderosos países do Mundo, quase a par de Portugal, e entre os quais se destacava o representante do mais antigo aliado português, o Primeiro Ministro Britânico, Winston Churchill. culminou em conversações que terão sido votadas ao fracasso pela incapacidade dos peticionários (nomeadamente Reino Unido e França) em apresentar garantias suficientes quanto à restauração dos territórios portugueses em África, prévios ao Ultimatum e que neste caso seriam englobados na putativa Comemoração do Duplo Centenário e Umas Décadas – nome liminarmente rejeitado pelos nossos dignos e honrados representantes.
No local anteriormente assumido pelo Duque de Viseu, o Infante D. Henrique, como a Escola da Sagres (posteriormente corrompido para Escola de Sagres, de uma pobre e inóspita localidade Algarvia, pela imperícia de algum historiador sulista), cimeira instituição para a educação e elevação Pátrias, nesta cidade iniciada e sediada, as portadas maciças, encerraram assim as esperanças dos países conflituosos, ficando Portugal apartado de uma Guerra que apenas aos militaristas centro-europeus diz respeito.
Esta reportagem, emitida pela BBC em 1940, com legendagem em português, teve algum eco nas Academias de História um pouco por todo o mundo, já que a afamada Escola de Sagres, era tida como bastião inicial europeu na Epopeia dos Descobrimentos. Investigações mais recentes revelam que a possibilidade da confusão entre “de Sagres” e “da Sagres” seria plausível na epistilografia moderna pelo que o Infante D. Henrique apenas teria aceite ser Duque de Viseu, por motivos estratégicos e claramente imputáveis à possibilidade de criar um centro de I&D (Investigação e Desenvolvimento) em região que os espiões das restantes casas reais europeias não tomassem como objectivos náuticos.